segunda-feira, 16 de julho de 2012

24º Capítulo de Lembranças Amadas

      Vigésimo Quarto Capítulo





            Durante a madrugada, James e Nate combinaram como seria meu plano de fuga. Como Helena não estava sob os holofotes dos humanos, ela me levaria até uma cabana longe da cidade e iríamos ficar lá até quando os jornalistas cansassem do assunto “meu desaparecimento”.
            Pela manhã, minha mãe se apressou em acabar com todas as provas sobre minha permanência na casa. Era essencial que nenhum repórter se deparasse com uma mala cheia de roupas minhas.
            Quando meus poucos pertences foram colocados na traseira do taxi (o taxista estava hipnotizado para não me reconhecer), James veio se despedir de mim. – Nós vamos nos ver em cinco dias, Bianca. Os repórteres só conseguem se concentrar em um assunto específico por um período de tempo muito curto.
            Eu vou sentir sua falta, sussurrou a voz insistente na minha mente. – Eu sei, James. Mas é estranho sair dessa casa depois de tanto tempo tentando voltar. Tenho a sensação que estou tomando uma decisão errada.
            Observei Nate abraçar Helena e, mesmo sabendo que ele ainda gostava da antiga Bianca, pude sentir que havia uma pontada de amor entre os dois. Talvez quando eu estivesse com quem quer que fosse, ele conseguisse encontrar o amor. A minha morte havia o prendido à minha lembrança. Talvez minha eternidade o libertasse.
            James me abraçou e senti o ar parar em meus pulmões. Meu coração foi consumido pela vontade de acabar com a distância que o vazio em minha memória provocava. Era como se eu precisasse ser do vampiro de cabelos bronze.
            -É hora de irmos – disse Helena, entrando no carro, sem nem se despedir de seu tio James ou olhar para mim. – Ela me odeia – como passaríamos cinco dias juntas e sozinhas?
            -Ela tem ciúmes de você, Bianca. Você é uma Ners poderosa mesmo não sendo a primeira da linhagem. E Helena não consegue te superar. Nem nos poderes nem no – ele abaixou a voz – amor.
            Corri para o carro, sabendo que provavelmente James me daria um beijo depois de tal frase. Encontrei Helena já com seus fones de ouvido e pedi para que o taxista seguisse o caminho estabelecido.
            Antes que o céu estivesse completamente azul, já havíamos chegado à cabana no meio do mato em que passaríamos nossas próximas 120 horas. Helena nem se deu ao trabalho de agradecer ao taxista por seu trabalho, portanto fiz esse papel por nós duas e carreguei nossas malas.
            A Ners tão aborrecente estava deitada sobre o sofá, olhando para o teto com um tédio completo. Sua música estava tão alta que era possível escutá-la do jardim. Se continuasse assim, ela ficaria surda em pouquíssimo tempo.
            Resolvi não me intrometer, pois sabia que só receberia uma resposta grossa e que tornaria o clima da casa ainda pior. Deixei a pequena mala de Helena no quarto dela e caminhei lentamente até o meu. Algo em meu coração alertava para uma surpresa. Não exatamente perigosa, mas inadequada.
            Quando abri a porta, tive que me conter para não gritar. Sentado na beira da minha cama estava ninguém mais ninguém menos que Jason. Seus olhos roxos brilharam com minha aparição. Meu coração, se fosse vivo, teria parado. Minhas mãos começaram a tremer, minhas pernas ficaram bambas.
            Jason se jogou em minha direção e me envolveu em um abraço cheio de saudade. – Você não imagina o quanto me fez falta – sussurrou o vampiro em meu ouvido.
            Antes de responder, reparei a ironia da situação. James, o vampiro do meu passado, havia me deixado partir, enquanto Jason, o sanguessuga do meu presente, vinha correndo para me obrigar a ficar. Qual dos dois seria certo amar?
Escrito por StarGirlie.

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