A Doce Ruindade
As últimas aulas do ano acabaram muito rapidamente. Mal Luisa chegou à sala e o sinal para a saída bateu. Talvez fosse a presença de Felipe que a deixasse tão feliz. Ele parecia tornar até os dias letivos mais fáceis de sobreviver. A garota tentava se convencer que era porque eles eram melhores amigos desde a infância e não porque ela estava apaixonada por ele.
Pegando sua mochila roxa, Luisa se dirigiu à suas melhores amigas. Todas elas respeitavam o uniforme como a própria. Podiam não ter sido convidadas para a Melhor Sala como era seu caso, mas ainda eram extremamente inteligentes. Luh as adorava quase tanto sua melhor amiga, Aline.
Aline era da 9º1ª, como um dia Luisa já fora, mas não tinha nenhuma amiga ou amigo por lá. Era a “isolada” da escola. Entretanto, mantinha uma amizade antiga com a “garota malvada” do colégio. Como se logo Luh fosse má.
Enquanto descia as escadas, desconectada do bate-papo animado de suas colegas, Luisa percebeu que aquele garoto bonitinho a estava olhando novamente. Seu nome era qual mesmo? Vicente, Victor... Ah, lembrou-se, era Vinicius!
Ele era colega de sala da Aline e um nerd escondido. Luisa sorriu ao perceber que provavelmente era a única pessoa do colégio que pensava nos nomes reais dos alunos. Todos tinham medo que a diretora ou qualquer um dos professores pudessem pressentir o que se passava em suas cabeças. Ridículo.
Seus longos cabelos negros a impediram de ver a aproximação do inimigo de Felipe, dono de um pedaço de seu coração e, além disso, um dos seus melhores amigos; Fábio. Até hoje, Luisa não sabia ao certo o que o garoto representava para ela.
-Olá, Luli – disse Fábio em seu ouvido, enquanto os dois saíam do colégio. Tanto ele, quanto a própria e Aline estavam sendo muito ousados naquela manhã. Entretanto, não eram os únicos. Felipe já aprontara bastante no intervalo entregando àquela boba pulseira à Cecilia. Um ato estúpido que quase o levou a expulsão.
Luisa imaginou como aquele ano seria. Nos anteriores, ela tentara se aproximar apenas de Felipe, esquecendo Aline e Fábio, como mandava as normas do colégio. Mas algo em 2012 lhe dizia que era hora de se rebelar contra as regras. Talvez aquele fosse o seu ano.
-Oi, Fábio – disse Luh, enquanto via que Felipe se aproximava. Ele não podia saber que ela conversava com o “Desgraçado”. O mesmo garoto que magoara sua irmã e que brigara com o próprio – Ér... – ela teve que se esforçar para não corar de vergonha por temer seu amigo – Desculpa mesmo, mas eu preciso ir.
Os portões foram deixados para trás, enquanto Luh corria. Porém, quando se encontrou a uma distância segura de seu maldito colégio, Luisa abriu sua mochila e puxou de lá um caderno. O caderno.
A primeira página estava coberta com fotos dos alunos e seus apelidos. Porém, havia uma imagem que estava quase descolando, pois sua cola ainda não terminara de secar. Embaixo do rostinho feliz cercado por cabelos castanhos estava o nome: Cecilia Perli.
Com uma caneta vermelha, Luisa circulou a foto e acrescentou um apelido em letras minúsculas: A F-E-R-R-A-D-A. Um sorriso discreto apareceu nos lábios da “evil Luh”.
Cecilia encantara tanto Fábio quanto Felipe. Eles estavam prestes a entrar em uma disputa por ela. Mas ambos pertenciam a Luisa. E ela não deixaria ninguém mexer com os garotos por quais estava apaixonada.
Enquanto a garota andava pela rua em direção a sua casa, sua mente se concentrava no melhor plano para tirar a nova aluna de seu caminho. Vamos dizer que Luisa também tinha uma clara vocação para o lado ruim da força. E ela estava prestes a provar isso.
Talvez aquele começo não tivesse sido ruim. Ele não havia sido ruim, disso Luisa tinha certeza.
Escrito por StarGirlie.
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