sábado, 17 de dezembro de 2011

A Declaração

         Uma jovem comum estava escrevendo em sua escrivaninha, quando escutou seus pais saírem de casa. Ela ficaria sozinha por, pelo menos, uma hora. Apressadamente, a garota puxou uma folha sulfite nova e no cabeçalho escreveu com a letra redondinha: A Declaração.
         O lápis bateu no papel, mas a inspiração não vinha. A jovem sabia que não tinha muito tempo e talvez fosse essa pressão que estivesse acabando com aquele texto. Como se uma luz se iluminasse em sua mente, a garota correu para seu computador e digitou um nome. Rapidamente a foto que procurava apareceu. Um sorriso bobo brotou em seu rosto. Eu sinto sua falta, ela sussurrou na casa vazia.
         Sem pensar muito, as palavras foram passadas a sulfite. A caneta borrava um pouco enquanto a garota passava sua mão sem querer. Ela, sem dúvida, estava descontrolada. Aquilo realmente vinha de seu coração. Seus dedos soltaram a caneta e seus olhos observaram o texto.

     Nunca tinha pensado como seria não te ter ao meu lado. É tão estranho, até mesmo, insuportável! Queria ser capaz de voltar no tempo e não te deixar nunca mais, mas algum dia esse momento teria que chegar, não é?
     Bem, já que estou aqui, vou dizer toda a verdade. Estou com saudades de sua voz, de seus olhos brilhando, das suas bochechas corando. Sei que talvez nunca mais veja nada disso. A vida é ingrata, não importa o quanto sejamos bons para ela.


      Outro dia me perguntaram como seria se você não existisse. Certamente, eu não seria assim. Não passaria todos os dias me arrumando para um possível acaso, talvez? Não veria brilho em dias cinzentos e não flutuaria de vergonha ao te observar. Ainda mais quando você me via fazendo isso e retribuía!
      Algo em você mudou, disso eu tenho certeza. Senão eu o teria visto antes, não é? Ou estou enganada? Ah, me sinto perdida! Longe de você tudo é escuro e confuso. Tudo é estranho e inimaginável. Até mesmo eu.
            A jovem parou de escrever. Observou o relógio. Tinha provavelmente apenas mais dez minutos! Havia muita coisa a revelar ainda, mas nenhum tempo existia. Ela precisava correr. Seus dedos deslizaram mais uma vez pelo papel.
      Porém, algo nunca se perdeu em meio a essa escuridão. Dizem que o primeiro amor, o verdadeiro, não aquelas paixões bobas, é único. Pode-se não levá-lo para o resto da vida, mas será sempre esse que carregará em seu coração. E foi exatamente isso que encontrei em você.
            Ela observou a foto novamente e dessa vez não foi nem preciso pensar. 
      Eu me apaixonei por seu sorriso, por seus olhos. Pelo jeito estranho de agir, pela sua voz hipnotizante. Porém, eu amo o modo como você fica perto de mim. Amo cada vez que seus olhos se contornam de vermelho de raiva. Amo seu jeito de agir com quem você sabe que tem chances comigo. 
           A campainha tocou. "Já vou" gritou a garota antes de rabiscar as últimas palavras e jogar o papel dentro do armário. Aquilo nunca seria dito, ninguém nunca saberia o que havia acontecido.
      Mas você não faz ideia alguma disso. E nunca irá fazer. Entretanto, se algum dia descobrir, poderei enfim dizer o que escrevo agora: eu te amo.
        "E o que você fez de bom, filha?" perguntou a mãe da garota. "Nada de diferente" respondeu, antes de complementar mentalmente: Apenas escondi meus sentimentos novamente.

Beijinhos, StarGirlie.

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