segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

6° Capítulo de O Beijo da Morte

Sexto Capítulo
Lilá

        Olhei para o espelho. Toquei meus cabelos, minhas bochechas levemente coradas, meus lábios vermelhos como... sangue.
        Amaldiçoei a mim mesma por ter feito aquilo. De novo.
        Mas, o que sempre me deixava mais chocada, era o tom dos meus olhos. Incrivelmente roxos.
        Não poderia ir para a escola no dia seguinte. Não daquela forma.
        E, além disso, meus estômago se revirava. Algo não estava legal ali.
        Segurei na pia e abaixei a cabeça. Pense, pense. Mas, antes que eu tivesse tempo de pensar, tudo voltou.
        Corri para o vaso e vomitei todo o sangue que podia. Em menos de meio minuto, meu pai estava ao meu lado, afastando os cabelos do meu rosto.
        -Calma, calma... – ele falava, enquanto eu sentia lágrimas queimando meus olhos. O que estava acontecendo comigo?
        Depois que tive a certeza de que não vomitaria mais, me levantei e lavei a boca. Olhei no espelho. Continuava igual. Talvez um pouco mais pálida, mas meus olhos ainda eram roxos.
        Comecei a chorar freneticamente, então August me pegou no colo, levando-me para minha cama. Após fechar as cortinas do meu quarto, ajoelhou-se ao meu lado.
        -O que aconteceu, Li? – disse, carinhosamente.
        Ele sabia que eu nunca fora de demonstrar fraqueza. Também nunca vomitara, ou chorara daquela forma. Mas de uns tempos para cá, eu estava me sentindo fragilizada, como se não me alimentasse há dias, mesmo tendo acabado de comer.
        -Não sei. – falei, tentando secar as lágrimas. Estava de pijamas, que colocara depois de um longo banho, o que me deixava um pouco mais relaxada. – Não sei mesmo.
        Meu pai respirou fundo. Ele parecia cansado, até mais do que eu.
        De repente, um cheiro muito forte chegou até mim. Tive vontade de dar ânsias, mas não havia mais nada para vomitar.
        Apesar disso, o cheiro era bom. Abria-me o apetite, apesar de enjoar-me da mesma forma.
        -Que cheiro é esse? – perguntei, me sentindo melhor.
        -Qual? – falou ele, logo depois de inspirar fundo. – Acho que é cachorro-quente, mas por...
        Antes que ele terminasse a frase, um impulso muito forte me pegou em cheio. Saí correndo para a cozinha.
        Sabia que, de tempos em tempos, meu pai pedia alguma coisa para comer, para mostrarmos nossa “normalidade”. Claro, nunca comíamos nada daquilo, caso contrário, poderíamos até morrer.
        Cheguei à cozinha e ataquei os pães que haviam chegado na encomenda. Comi mais de cinco, e quando estava no final do sexto, a porta da casa se abriu e James entrou.
        -O que está acontecendo aqui? – disse ele, ao ver o que eu fazia.
        Olhei para o alimento em minhas mãos e, quando percebi o que estava acontecendo, deixei-o cair no chão.
        -Lilá? – perguntou ele. – O que você está fazendo?
        Mas eu não sabia responder a pergunta. E, ao contrário das outras vezes que tentara comer alguma coisa sólida, eu me sentia muito bem.
        Bem mesmo.
        E aquele foi o primeiro sinal de que algo estranho estava acontecendo comigo.
        By Babi

Um comentário:

  1. Oi Babi, então, '6° capítulo' ???? É o que , um livro ? Que você está escrevendo ?? Me conta mais , agora fiquei curioso :)

    Fernando

    http://nerdliterario.blogspot.com

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