quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

4° Capítulo de O Beijo da Morte

Quarto Capítulo
Lilá

        E mais uma discussão começara. Mais uma das milhões que estávamos tendo nos últimos dias.
        -Eu disse para se AFASTAR! – rosnei para meu irmão.
        Ambos, bem como nosso pai, estávamos no hall de entrada. Ele estava mais calmo que eu, como sempre. E meu pai mais calmo ainda. Tão previsível.
        -Não pude evitar. – disse ele. – Mas não se preocupe. Ela praticamente me repeliu. – falou, parecendo um tanto decepcionado.
        -Ah! Que novidade! – retruquei, sarcástica. – Até parece que as outras também não te repeliram. Qual é, James? Vamos cair na real, elas, todas, sentem o perigo. Ou sentiram.
        -Eu sei! – disse ele, mais alterado. – Mas ela parecia ser diferente...
        -E é. – disse nosso pai, nos chamando a atenção. – James está certo. Ela é diferente.
        Olhei para ele com minha cara típica de dúvida. Eu sentira, é claro, que ela era incomum. Mas pessoas incomuns existem, apesar de serem raras. Não é mesmo?
        -Como? – disse. – Quer dizer, o que faz ela ser diferente?
        Meu pai olhou para a janela, para a casa onde sabíamos que Bianca e sua mãe haviam se mudado há pouco.
        -Não sei. Ainda. – disse ele. – Não são como nós. Mas não são como eles.
        Pensei em rir. Obviamente elas não eram como nós. Ninguém era como nós. Mas permaneci quieta, tentando não arranjar mais confusão.
        -Lilá? – disse James, após segundos de silêncio. – O que vamos fazer?
        Ponderei se respondia o que estava pensando, ou o que era correto. Decidi por fazer o que uma vozinha na minha mente dizia para que eu fizesse:
        -Não sei você. Mas vou sair.
        Não esperei resposta. Saí correndo pela casa, em direção à porta dos fundos. A escancarei e saí na mata. Só queria ter um pouco de paz.
        Corri, corri, corri. Não sabia para onde ia, mas quando a noite começou a cair, cheguei a uma rodovia.
        Perfeito.
        Fiquei a espreita, somente observando. Estava prestes a fazer alguma coisa mais drástica, quando um carro parou no acostamento.
        Um homem desceu. Ia “tirar água dos joelhos”.
        Logo que o olhei, senti tudo o que ele estava sentindo.
        Raiva. Angústia. Liberdade.
        Pelo que pude ver, ele acabara de sair de uma discussão. Sabia que, no estado em que estava, acabara de fazer algo bem ruim.
        Não tive dúvidas. Na hora em que ele acabou de fazer o que precisava, saltei.
        Lembrei de algo que James me falara, há tempos:
        “Lavar a honra com sangue suja a roupa toda”.*
        Sempre pensava naquilo antes do ato. Mas, depois do primeiro salto, o resto estava predestinado.
        E eu já havia saltado.
        By Babi
        *De Stanislaw Ponte Preta.

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