terça-feira, 13 de dezembro de 2011

2º Capítulo de O Beijo da Morte

Segundo Capítulo
Lilá


Abracei meu irmão. Claro, aquilo não era exatamente um abraço... mas precisava me aproximar para falar tudo que tinha acontecido nos últimos minutos. Sem que ninguém percebesse.
-A garota nova. Olhe... Bianca. Captei um sentimento estranho nela... quer dizer, diferente. Aversão, ou algo assim. Tenho medo por ela, sinto que tem algo suspeito rolando por aqui. Precisamos conversar.
Meu irmão assentiu discretamente. James era seu nome.
Fui me sentar tentando não transparecer minha preocupação. Senti diversos olhares em mim, mas não liguei. Continuei com meus pensamentos voltados para novata.
Logo que a vira... foi como se eu não pudesse senti-la, igual sentia os outros. Foi como se ela fosse muito especial. Sim, especial era a palavra.
E eu precisava protegê-la.
Além disso, havia feito a coisa mais estranha desde que chegara: me apresentado.
Anti social talvez não fosse a palavra certa para mim. Eu gostava das pessoas. Gostava mesmo. Só não era muito fã de amizades concretas, pois nunca soubera quão confiáveis elas poderiam ser.
Olhei para o lado. James não parava de analisar Bianca. Senti que, a qualquer momento, poderia babar. E isso não era típico dele.
        Os minutos se arrastaram, até que o sinal tocou para o almoço. Peguei meu material e imaginei se Bianca viria atrás de mim.
        James logo se juntou ao meu lado, e ambos saímos para a parte mais afastada do corredor.
        -Você precisa protegê-la. – disse ele, assim que percebemos que não havia ninguém por perto. Parecia angustiado.
        - O quê? Qual é!? – falei, não entendendo nada. – Nós nem a conhecemos.
        -Mas eu também sinto! – disse ele, como um gemido. – Ela corre perigo. Sei que corre.
        Balancei a cabeça, pensativa. Bianca parecia tão auto-suficiente, tão segura... mas, por dentro, também havia visto aquele perigo. Como uma casca sólida e, após ela, um recheio líquido e frágil.
        -Nós sabíamos que isso ia acontecer, algum dia. – falei, sem olhá-lo nos olhos. – Sabíamos que atrairíamos coisas más.
        -Não. Ela não é má. – disse James, com uma convicção que me assustou.
        -Eu sei. – concordei. – Mas ela nos fará mal.
        Ele respirou fundo. Sabia que era verdade.
        -Tentarei protegê-la. – prometi. - E você deve tentar ficar longe. Sabemos o que acontece quando você fica próximo demais das pessoas. – disse, tentando fazê-lo rir, sem sucesso. – Na realidade, já estou protegendo-a. Quer dizer, espero que os conselhos que eu dei sobre as “Podre-rosas” adiantem de alguma forma.
        Ele concordou e saiu, sem mais nem menos. Esse era um dos defeitos de James. Ele me dava medo. Eu o amava, mas mesmo assim. Nunca sabia onde ele poderia ou não estar.
        Dirigi-me para sala. Não estava a fim de ficar vendo milhares de pessoas conversando e rindo.
        Abri a porta e fui para meu lugar. Encontrei mais um dos bilhetinhos que, há dias, estava recebendo.
        “Você é a pérola da minha manhã”, dizia aquele. Tão previsível, pensei.
        Karl vinha colocando aqueles tipos de recadinhos em todos os lugares por onde eu ia. Parecia fixado em mim, sei lá. E, convenhamos, aquilo era ridículo.
        Meu celular começou a tocar, interrompendo meus pensamentos. O peguei e atendi.
        -Alô, pai? – falei.
        -Lilá? Aconteceu algo. – disse, rapidamente. - Temos vizinhos. Vizinhos que, tenho quase certeza, não são humanos.
        Larguei o celular, já correndo para fora da sala. Algo me dizia que aquilo tinha tudo a ver com minha nova colega de classe.
        By Babi

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