terça-feira, 27 de dezembro de 2011

12° Capítulo de O Beijo da Morte

Décimo Segundo Capítulo
Lilá

        Poderia ter matado James no momento em que o vi botando seu próprio sangue na boca daquela menina, tamanha era minha raiva.
        Será que ele não percebia que aquilo o afetava? Será que ele esquecera Joana? Esquecera o que havia acontecido com ela após atos como aquele?
        -Pare agora. – disse, olhando para Bianca. Ela imediatamente lançou o braço de James para longe. – Isso pode até lhe fortalecer. Por enquanto. Mas meu irmão sabe, tanto quanto eu, que isso pode deixá-la viciada, enquanto ele... morrerá.
        Bianca olhou para o pulso do garoto, como se, pela primeira vez, percebesse o que estava fazendo. Seus olhos se encheram de lágrimas, enquanto James me fuzilava com os próprios.
        -Achei que havíamos combinado em tomar cuidado. – falei, correndo para ajudar Bianca a se levantar.
        -Estou tomando cuidado. – respondeu meu irmão, cerrando os dentes. – Não repetirei os mesmos erros.
        Bianca parecia confusa, e logo percebi que James falara demais.
        -Que erros? – disse ela, fragilizada. Teríamos de ir para um médico imediatamente.
        Ficamos em silêncio, e ela repetiu a pergunta.
        -Erros que estão no passado, e não voltarão. – disse James, finalmente.
        Bianca não insistiu, mas pela dor que devia estar sentindo, aprovei seu comportamento.
        -Eu assumo daqui. – falei, colocando meu braço envolta da garota para sustentá-la. – Vá para casa.
        -Não. – disse ela, antes mesmo que James pudesse dizer algo. – Quero que você fique. – falou, olhando para o menino.
        Respirei fundo. Pelo jeito, o amor era recíproco naquele local.
        James sorriu, mostrando que havia ganho. O ignorei e andei para fora da loja enquanto ele carregava Bianca no colo.
        Entramos no carro e, após minutos, chegamos ao hospital. Bianca foi levada por um médico, enquanto James ficou na sala de espera. Não agüentando a demora, fui para a lanchonete do local.
        Logo que lá cheguei, vi alguém acenando.
        Karl.
        Sorri, e depois me senti boba. Não havia motivos para sorrir.
        Fui até ele, meio envergonhada, e me sentei à sua frente.
        -Ora, ora, vejam só! Senão é a minha mais nova amiga! – disse ele, e eu quase me senti corando.
        -Haha. – falei, sarcástica.
        -O que te trás aqui? – finalmente perguntou, assumindo um tom mais sério.
        -A protegida do meu irmão. – disse. – Minha nova vizinha.
        -Bianca?
        Assenti.
        -Ouvi falar. – ele tomou um gole do suco que tinha nas mãos, me oferecendo logo em seguida. Recusei.
        -E o que você está fazendo num hospital? – perguntei, meio em dúvida se era a coisa certa a se fazer.
        Ele tomou mais um longo gole, ponderando se devia ou não responder. Parecia um assunto delicado.
        -Minha mãe. Ela faz... quimioterapia.  
        Engoli em seco. Quase me desculpei, mas achei que aquilo poderia ser pior do que perguntar em si.
        Ficamos quietos por momentos que se arrastaram. Eu não tinha mais ideia do que deveria fazer. Talvez fosse melhor ver Bianca....
        -Ei? – disse ele, quebrando o clima silencioso. – Quer dar uma volta?
        Sorri, pensando “por que não?”.
        -Onde vamos? – perguntei, depois que saímos do hospital. A noite estava prestes a cair, e tudo indicava que ele estava me levando para algum lugar no meio da floresta.
        -Você vai ver.
        Ele sorriu, mostrando covinhas que se destacavam como algo brilhante em seu rosto. Karl me puxava pela mão, e aquele toque era quente e suave, ao contrário do meu, frio e morto. Parecia... bom.
        Entramos na mata, e após alguns minutos, paramos.
        -Aqui. – ele disse, e eu pensei como aquele lugar era exatamente igual ao que havíamos estava um minuto atrás.
        -O quê? – perguntei, não vendo nada demais.
        -Olhe para cima.
        Olhei, assim como ele mandara. Tive uma visão que me tirou o fôlego.
        Alguns vagalumes voavam por ali, e a lua estava em seu período chamado “crescente”. Era espetacular, como se os animaizinhos iluminados acrescentassem algo que há tempos faltava a lua.
        -É lindo! – disse, animada.
        Virei-me para ele, mas antes que eu pudesse falar mais qualquer coisa, encontrei seus lábios.
        E aquilo foi, acima de tudo, estranho.
        Nunca beijara alguém na vida. Mais por medo do que por qualquer outra coisa.
        Quer dizer, eu era uma vampira. Forte. Sugadora de sangue. Letal.
        Se não acabasse atacando meu companheiro, poderia simplesmente quebrar a mandíbula dele, ou sei lá.
        Mas com Karl, foi muito diferente do que imaginara. Na realidade, foi quase o contrário.
        Ele estava praticamente quebrando minha mandíbula.
        E eu tinha certeza de que estava fazendo aquilo de forma forte, sendo que, cada vez que ele me apertava, eu fazia o mesmo.
        -Ai! – disse, parando, quando ele estava quase arrancando minha boca fora.
        De repente, Karl olhou para mim, espantado. Como se percebesse que acabara de fazer algo errado.
        Mas a expressão dele estava melhor que a minha.
        Eu estava horrorizada.
        Não pelo beijo, mas sim porque Karl era forte.
        Forte de uma forma não-humana.
        -O que você é? – sussurrei, sentindo ainda o gosto do beijo, que, acima de tudo, fora excitante.
        By Babi

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