segunda-feira, 19 de setembro de 2011

27º Capítulo de A Vida Depois do Fim

Vigésimo Sétimo Capítulo
A Nova Horcrux
            Desabei na cadeira da biblioteca de Hogwarts, jogando todos os livros de Adivinhação, História da Magia e Defesa Contra as Artes das Trevas em cima da grande mesa. Sabia que tinha que recuperar todos os trabalhos dos dias em que faltei por causa das recentes descobertas, mas mesmo assim não conseguia me concentrar. Havia algo que eu precisava descobrir.
            Tateei em minha bolsa em busca do celular que Scorpius havia me dado. Era um aparelho simples feito apenas para que pudéssemos trocar mensagens naquele lugar onde todos os eletrônicos eram proibidos. Apesar de estarmos mantendo uma comunicação bem rápida, não havia nenhuma nova mensagem e logo o guardei novamente.
            -Olá, Rosa – disse Silvia, sentando-se na cadeira de frente para mim. Ela vestia uma blusa vermelha, contrariando totalmente sua mania de usar apenas o amarelo da Lufa-Lufa.
            -Salazar te permitiu sobreviver? – perguntei com certa superioridade. Parecia que a alma de Slytherin ainda tentava me controlar.
            -Eu pareço de algum jeito um espírito? Não, né? Então... – ela sinalizou que esse não era o assunto que desejava tratar – Bem, eu vim aqui para te dar uma pista. Para te ajudar a entender tudo.
            -Você quer me ajudar?
            -Sim. Eu estou indo para casa esta noite. Meu pai não gostou nada das acusações anônimas que recebeu sobre mim. Vou estudar magia em casa – explicou Silvia um tanto incomodada. Sabia que ela gostava muito de Hogwarts. Imaginei-a sem sua “gangue”. Sem Lorcan e Scorpius ao seu lado o tempo inteiro. E me surpreendi, quando foi fácil vê-la sorrindo sozinha. Ela era independente demais.
            -Qual é a dica então?
            -Siga as almas – disse Silvia.
            -Como assim?
            -Siga as almas – e em seguida, a filha de Neville e Ana Abbott saiu andando pela biblioteca. Seu corpo desapareceu da sala como se nunca tivesse permanecido ali.
            Afundei minha cabeça nos livros e esperei que o entendimento da frase de Silvia surgisse. Mas nada aconteceu. O tempo passou, a chuva começou a cair nas janelas da biblioteca e minha mente continuava vazia.
            Então, meu celular vibrou. Olhei o visor contendo as palavras “Nova mensagem de Scorpius”, mas, ao contrário do esperado, não a abri. Fechei todos os livros sem ter feito nenhuma tarefa, peguei minha bolsa e saí da biblioteca.
            Rosa, Rosa, Rosa. Disse uma voz em minha mente. Na verdade, duas. Rowena e Salazar. As duas almas que também habitavam meu corpo. Entretanto, outra voz ressoou em meu ouvido:
            Eu te amo, Rosa. E com aquelas quatro palavras, o mundo desabou em cima de mim. Saí correndo pelos corredores, esbarrando em todos que permaneciam em meu caminho. As lágrimas começavam a cair lentamente e eu sabia o que encontraria quando abri a porta da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas.
            Pendurado ao teto com uma cor no pescoço estava Alvo. Seus olhos estavam fechados, sua boca um tanto aberta, seu cabelo preto bagunçado.
            -NÃO! – gritei, mesmo sabendo que já era tarde demais.



            Não consegui me mexer. Não conseguia respirar. Meu melhor amigo estava morto. A pessoa que me amara durante a vida toda nunca mais estaria ao meu lado. Seu sorriso nunca mais iluminaria meus dias. Seus braços nunca mais me envolveriam. Sua voz nunca mais sussurraria em meu ouvido.
            Mas não era apenas ele que não estaria mais vivo. Eu também não estaria. Meu coração poderia estar batendo, mas nada mais seria como era antes. Minha alma estava quebrada.
            Alma, alma, almas, almas. Enquanto as palavras de Silvia começavam a fazer sentido, Hugo entrou correndo com T.J. Estranhei muito aquela situação, mas sabia que não era nada romântico. Pelo menos, não ainda.
            -Rosa, o que... – começou meu irmão, mas seus olhos encontraram o corpo de Alvo pendurado e outras lágrimas começaram a cair. Porém, desta vez não fiquei parada.
            Subi em uma das cadeiras e delicadamente tirei o corpo de meu melhor amigo da forca. Não queria usar magia. Aquele era meu último momento com ele. Sentei-me no chão e coloquei sua cabeça em meu colo. Arrumei os fios pretos para que saíssem de perto de seus olhos. Toquei a pele clara e absorvi aquela sensação com toda a força possível, sabendo que aquela era a última vez.
            Meus dedos tocaram sua camiseta e arfei quando encontrei um bilhete. Não havia muitas palavras. Não era uma grande despedida. Não citava Lilian, seus pais ou Thiago. Era dirigida diretamente a mim:
            Estou partindo, Rosa. Estou lhe dando a chance de viver. Minha morte diminui o número dos que terão que se sacrificar. Não se esqueça que te amei. Sempre.
         Meu corpo todo tremeu e as lágrimas começaram a molhar o rosto de Alvo. Desejei poder trazê-lo de volta a vida. De poder dar a minha vida para que ele continuasse respirando. Nem mesmo olhei quando Scorpius entrou na sala. Minha atenção estava voltada completamente ao meu melhor amigo morto.
            -Rosa, ele... – começou Scorpius, mas pedi mentalmente para que ele parasse. Não queria ouvir sua voz enquanto sofria pela perda de Alvo. Parecia errado.
            Soube que Lilian entrou na sala ao ouvir seus soluços desesperados. Percebi que ela não tentou tirá-lo de meus braços. Apesar de sussurrar “é sua culpa”, Lily sabia que aquilo era mentira.
            Coloquei minha mão sobre o coração de Alvo e... Ele estava batendo novamente. As pálpebras de meu primo tremeram e segundos depois ele abriu seus lindos olhos verdes. Inicialmente, sua expressão mostrava certo susto em me ver, mas rapidamente ela se transformou em um espelho de felicidade.
            -Alvo! – disse ao mesmo tempo em que ele me chamava. Lágrimas de alegria caíram de meus olhos e meu melhor amigo se apressou em me abraçar.
            -Como? – perguntou Lilian. E foi Scorpius que deu a resposta:
            -Ele era uma Horcrux de Salazar.
Escrito por StarGirlie.

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