domingo, 24 de julho de 2011

17° Capítulo Maldade Angelical

Décimo Sétimo Capítulo
Samantha


Em memória de Amy Winehouse


-Peraí, com calma... O QUÊ?
            -É, os nossos pais...
            -LIZZIE, ELES MORRERAM! – gritei ao telefone, e todos do acampamento me olharam. Comecei a chorar.
            -Sam, depois te explico, mas venha rápido.
            -Pra onde!? – falei exasperada.
A voz de minha irmã era urgente e eu senti que precisava ajudá-la.
            Mas estava tão sensível. Desde aquela noite, desde que fizera a pior escolha da minha vida...
            Não deixei Petrus me tocar durante o dia inteiro. Senti-me meio... suja. E eu estava, estava marcada para sempre.
            -Olha, vou mandar um sinal de luz no céu. Sigam-no, ok?
            -Ahã.
            -E Sam?
            -O que?
            -Eu te vi indo com Austin ontem.
            -Viu? – eu já ficara assustada.
            -Sim. E pode deixar, não falo pra ninguém.
            Minha irmã desligou e me deixou ali, chorando. Petrus tentou me acalmar, mas eu apenas falei:
            -Sigam, todos, a luz. Vou logo atrás.
            E sem escutar uma resposta, sai correndo para a floresta. Depois de alguns minutos, caí e ali fiquei, chorando. Por que eu fora tão estúpida? Por quê?
            De repente, uma voz muito forte me atingiu:
            "Você os deixou, Sam. Deixou seus amigos, sua irmã, me deixou. Levante daí, vá ajudá-los."
            E então, assustada e ainda chorando, levantei. Minha mãe me chamava. Minha mãe precisava de mim. E não, eu não iria desistir.
            Levantei e olhei para o céu a procura do sinal. Quando não o encontrei, saí correndo do mesmo modo. Minha mãe me guiaria.
            Passei pelo acampamento e depois de algum tempo, encontrei uma pequena vila.
            Logo percebi que havia chegado em algum tipo de barreira. Katy apareceu.
            -Você tem uma escolha, assim como Elizabeth teve.
            Eu entendi na hora o que isso significava. Ou escolhia ficar com meus pais e não sofrer, ou escolhia continuar a lutar junto com minha irmã e todos os meus amigos.
            -Estamos esperando só isso para o sacrifício começar. – disse minha prima.
            Sorri e lhe estendi a mão. Não estava óbvia a minha escolha?
            -Muito bem! – disse ela, mas antes que terminasse a frase, agarrei sua mão e a derrubei, quebrando a barreira.
            -Não, você vai se arrepender! – falou Katy, me mirando com um olhar fulminante.
            Então, asas começaram a crescer em minha prima. Sua pele tão doce ficou azul, e seus lindos olhos mudaram para uma cor que eu não conseguiria descrever. Ela era cruel, muito cruel.
            -Eu era sua amiga! – gritei, e quando ela levantou para provavelmente me bater, dei um paço para trás e percebi que entrara na “barreira”. E Katy, por incrível que pareça, não conseguiu entrar.
            -Não! – gritou ela, e caindo no chão, virou chamas. Sim, ela fora banida da própria casa e acabara sendo exilada. Morrera, em outras palavras.
Corri adentrando a vila e quando cheguei ao centro da mesma, vi uma grande fogueira. E o pior: todos os meus amigos estavam presos logo em frente a esta. Por um milímetro, o fogo não os engolfava.
Quando olhei melhor, um casal estava amarrado também. Meus pais. Tentei não olhar nos olhos deles, pois desistiria de continuar se o fizesse.
-Sam, não! – gritou Petrus, quando me viu. Ele queria me proteger, e eu o traíra...
Uma gargalhada ecoou pela praça, que antes parecera deserta.
-Olá, Samantha.
Me virei e encarei a figura que gargalhara. Kenan, o Rei das Fadas, ou como eu o chamava antigamente...
-Ah, olá primo– disse. – Para falar sério, eu já imaginava isso.
-Sam, querida priminha. Finalmente se juntou a nós.
-Vamos ser diretos. O que quer?
- O que eu quero? – disse ele. – Acho que já sabe, Sam. Eu te amo, e sempre te amei.
Olhei nos olhos de Kenan.
-Eu tenho nojo de você. – cuspi em seu pé.
Ele me olhou do mesmo modo que segundos antes Katy havia olhado, e eu soube que se transformaria. Grandes asas vermelhas surgiram e seu rosto ficou bordô, assim como sua pele. Horrível.
-Vamos fazer uma troca. – disse ele. – Você vem comigo, e eles ficam livres.
Olhei para trás. Todos eles estavam cansados, todos se sacrificando.
Pensei nas coisas ruins que havia feito. Pensei no quanto os fizera sofrer... eu devia, devia poupá-los de mais dor.
Kenan me estendeu a mão. Algumas pessoas que estavam atrás de mim gritaram não, mas eu a peguei.
Ele gargalhou e uma pequena lágrima caiu de meus olhos. Eu iria fazer isso. Eu precisava fazer... era meu castigo, por tudo que acontecera.
            Vi minha pele começar a ficar roxa, mas antes da minha total transformação, escutei a mesma voz que falara antes em minha mente recomeçar:
            “Errar é humano. Diferente de admitir e concertar os erros. Isso é Divino.”
            “Não sou Divina!” – respondi mentalmente.
            “É mais do que pensa, filha.”
            Olhei para trás, para os olhos, finalmente, de minha mãe. Ela era linda, linda demais. E eu havia errado, mas não seria dessa forma que corrigiria meu erros, percebi.
            -Você nunca me terá, Kenan. – falei,ríspida.
            No momento em que disse isso, escutei “cliques” e soube que havia mandado todos para um lugar seguro. E por último, ao som do grito de raiva de Kenan, sumi também.
           E eu decidi: precisava urgentemente falar com Petrus.
            By Babi
           

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