sexta-feira, 22 de abril de 2011

Um Conto de Páscoa

Acordei ainda com sono, os raios solares invadindo as pequenas frestas que a cortina deixava-se passar. Virei para o lado. Que dia era hoje mesmo? Ah, sim, domingo... ei, espere aí, era Páscoa! Levantei correndo e olhei para o quarto. Nenhum sinal de vida. Levantei, e pé por pé, fui até a porta. Espiei para fora, esperando talvez ver um coelhinho correr pela casa. Nada. Nenhum barulhinho. Imaginei onde minha mãe e minha irmã estariam, provavelmente preparando uma surpresa para o almoço de Páscoa. Sai pelo corredor e fui onde eu pensei que o tão sonhado ovo poderia estar: a sala. 
Sempre me perguntei por que nessa data especial não havia uma árvore, como no Natal, e desta vez não foi diferente. Desci as escadas com cuidado, minha família poderia estar dormindo, mas eu estava bem acordada. No meio da escada, me deparei com algo especial. Pegadas!
Lembro-me dos primos mais velhos, que sempre diziam que não existia coisas como Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente ou Papai Noel. Confesso que cheguei a acreditar. Mas ali estava a prova: era real!
Fui atrás das pegadinhas, animada na odisseia que ali segui em busca do meu tesouro. Continuei descendo as escadas e ao fim encontrei uma cartinha que dizia o seguinte:
"Está perto, procure pela cozinha! Ass: CP."
Sai correndo, me esquecendo de não fazer barulho. Tudo que importava era o conteúdo da carta, que dizia que o prêmio tão aguardado, escolhido entre milhões de ovos, estava ali, ao meu alcance. Corri em busca dele e ao chegar à cozinha, passei os olhos pelas prateleiras. Nada.
Então, já não aguentando mais de ansiedade, abri as portas pela frente, fazendo mais barulho que um trator. Em nenhuma estava o que eu procurava. Fui até a geladeira. Nada também. Dentro da pia, mas foi a mesma resposta. Nenhum sinal de ovo.
Já perdendo as esperanças, me sentindo enganada, esquecida e errante, tive um "click". Corri para o fogão, e com meus pequenos dedinhos, puxei a tampa do forno. Meus olhos curiosos vasculharam a área, e logo um enorme sorriso se estampou em meu rosto. Ali estava ele!
Peguei meu ovo e dei uma boa olhada. Justamente o que eu queria! Chocolate ao leite, com muito açúcar e leite. Mas isso importa quando se é criança? Não, nunca. A unica coisa realmente relevante era o fato de ser chocolate. Ainda por cima vinha com um brinquedo!
Abri o papel sem me importar com nada. Segurei em minhas mãos o chocolate e, ali mesmo no chão daquela cozinha, dei uma bela mordida no doce. Humm, era como se o céu tivesse se tornado um pequeno pedaço de felicidade!!
Ainda com a boca suja, com as mãos grudentas e com a alma feliz, abri o pacote que vinha com o brinquedo.   Sorri ao ver o que era: um barquinho! Poderia brincar com ele no banho, poderia ser uma pirata, um viajante dos sete mares, poderia ser Robson Crusoé, Jack Sparrow ou qualquer outra figura de minha imaginação. 
Logo vi minha mãe descer a escada e sorrir, ainda de pijama, ao me ver toda suja e com um brinquedo na mão. Minha irmã estava em seu colo e também sorriu. Percebi que em suas mãozinhas jazia um brinquedo também. Retribui o sorriso. 
Levantei e corri para abraçá-las. Rimos e papai apareceu em seguida para completar o abraço.

Quando eu era pequena, a Páscoa era uma data onde só havia alegria, onde na TV Globinho passavam programas sobre coelhinhos, onde ganhava chocolate e, por mais que não soubesse o porquê, estava feliz.

Aquele tempo não volta. A única coisa que eu peço é: não deixe o tempo passar sem se dar conta. Aproveite cada segundo como se fosse único.

Feliz Páscoa!



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